Resenha: O Feiticeiro de Terramar – Ursula K. Le Guin

O Feiticeiro de Terramar
Título Original: A Wizard of Earthsea
Série: Ciclo Terramar # 1
Autora: Ursula K. Le Guin
Editora: Arqueiro
Páginas: 176
Ano: 2016
Gênero: Ficção, Aventura, Fantasia
Classificação: ⭐️⭐️⭐️
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Falhei como leitor desta vez. 😮

Li cerca de cinquenta páginas, parei, olhei bem para a (bela) capa e suspirei com resignação. “Tudo bem, isso acontece”, pensei. “Não é sempre que a gente consegue se conectar com a história”. Fui atrás de “Deuses Americanos” e “Mitologia Nórdica”, ambos do Neil Gaiman, e dei tempo ao tempo.

Levei semanas para retornar a Terramar e compreender o meu erro.

O que fiz foi alimentar uma expectativa impossível. Quem nunca, não é mesmo? A sensação que tive, ao finalizar a última linha, foi a de sair de casa preparado para uma corrida e voltar pouco depois sem derramar suor. Lendo algumas resenhas, percebi que não fui o único a sentir falta de passagens com mais ação.

Em linhas gerais, o livro conta a história de Gavião, aquele que se tornará o feiticeiro mais poderoso de todos os tempos. Órfão, foi mandado ainda criança para uma escola de magos na ilha de Roke, onde pôde encontrar seu mestre e explorar as possibilidades do dom que recebeu. Um dia, ele conjura um feitiço para salvar sua aldeia e sua façanha acaba se tornando conhecida e celebrada. Esse episódio faz com que o protagonista adquira confiança e desafie suas próprias capacidades.

Ao fazer isso, seu antagonista surge e começa a dominá-lo.

Esperei por um desfecho épico, com magos lendários voando nas costas de dragões do tamanho de cidades, mas acabei sendo presenteado pela autora de uma forma mais sutil. Para mim, a principal virtude da obra não está na grandiosidade dos feitos do feiticeiro, e sim na obstinação de sua busca por autoconhecimento. “A beleza da jornada está no caminho em si, e não na chegada” – em Terramar, essa frase batida se mostra bastante verdadeira.

Há outros pontos que merecem ser destacados: em primeiro lugar, a escrita elegante e precisa de Ursula K. Le Guin. Nenhuma palavra parece fora de lugar. Além disso, a autora chama atenção para questões sociais sérias, como o preconceito racial – Gavião não tem a pele branca como a de Merlin ou Gandalf, por exemplo. Cabe ressaltar que este primeiro volume do Ciclo Terramar foi publicado originalmente no final da década de 60, época em que o racismo começava a ser debatido com mais vigor, especialmente nos Estados Unidos.

Por fim, é interessante aprender os fundamentos da magia junto com o protagonista. Não se trata de decorar uma meia dúzia de palavras mágicas e sair por aí; todas as coisas do mundo, das maiores às mais ínfimas, têm um nome particular, e é somente a partir do conhecimento desses nomes que as palavras ganham poder. Não há ação sem reação, e às vezes é necessário ir até os confins do mundo para reparar as consequências de um erro.

É isso. Gostaria de ter lido O Feiticeiro de Terramar sabendo o que esperar dele. Teria sido um leitor melhor se estivesse, desde o início, mais aberto à sua proposta de valor. Mas tenho plena convicção de que você será mais capaz disso do que eu fui.

»» Sobre a Série ««

A série possui seis volumes e um livro de contos já lançados nos Estados Unidos, sendo o último publicado em 2001. O livro é original de 1968 e  já havia sido publicado no Brasil em 1994 com o título “O Mago de Terramar”. Agora está saindo pela Editora Arqueiro, que pretende lançar a cada semestre um volume, até agora saíram os dois primeiros livros.

1 – O Feiticeiro de Terramar
2 – As Tumbas de Atuan
3 – The Farthest Shore (ainda não publicado)
4 – Tehanu (ainda não publicado)
5 – Tales from Earthsea (ainda não publicado)
6 – The Other Wind(ainda não publicado)

Até a próxima!

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Ronan Sato
Especialista em assuntos aleatórios. Apesar de descendente de japoneses, não sabe afirmar com certeza se prefere comida indiana ou sushi.

28 comentários sobre “Resenha: O Feiticeiro de Terramar – Ursula K. Le Guin

  1. Acontece… Realmente acontece. Quando acontece isso comigo eu dou um grande tempo para o livro. Ás vezes anos… E depois parece que aquela história volta no momento certo e faz mais sentindo… As leituras também tem a ver com o momento e a vibe em que estamos… De mais tempo ao livro!
    Bjos

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  2. Olá tudo bem?
    Que pena que não foi uma leitura boa para você. Eu já tinha lido algumas resenhas sobre esse livro antes e por mais que a história pareça ser super interessante o autor não conseguiu desenvolver muito bem além das passagens com mais ação.
    Mas sobre o que você disse no início, eu super entendo, estou demorando semanas para finalizar um livro de 460 páginas aproximadamente porque senti a mesma coisa e então estou intercalando com outros. Acredito que não estou no clima da leitura mas mesmo assim continuo insistindo. Quem nunca né?
    beijinhos!

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    • Oi, Camila! Tudo bem, e você? É uma pena que essa sensação apareça de vez em quando. Na verdade, por já ter lido um outro livro da Ursula K. Le Guin, intitulado “A Mão Esquerda da Escuridão”, eu deveria ter sido capaz de ajustar melhor minhas expectativas. Mas valeu a pena, de qualquer forma. Abraços.

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  3. Oiii Ronan, tudo bem?
    Infelizmente dessa vez a obra não despertou meu interesse, já tentei algumas vezes ler pois peguei de um amigo emprestado e nunca me senti atraída, sua resenha ficou ótima e muito sucesso.
    Beijinhos

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  4. Oi, Ronan! Poxa, que pena que a sua experiência com o livro não tenha sido tão boa, mas te entendo totalmente kk. Sua resenha está ótima, eu já tinha visto essa capa e tinha ficado curiosa em relação a estória. Achei interessante o fato de conter feiticeiros e também gostei bastante do enredo. Espero gostar da estória, mas acho que vou esperar um pouco pelas continuações kk. Bjss!

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    • Oi, Jennifer! Também vou aguardar pelas continuações, porque gostaria de saber como o Gavião/Ged se torna o feiticeiro mais poderoso de todos os tempos. Um abraço e obrigado pelo comentário.

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  5. Olá!
    As nossas expectativas muitas vezes nos traem, e é péssimo quando isso acontece.
    Adoro fantasia e acho a capa do livro lindíssima, mas a premissa em si não me chama a atenção.
    Gostei muito dos pontos que você ressaltou sobre a obra.
    Beijos.

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    • Oi, Carla! Realmente, algumas passagens são bem paradas. Esses momentos me lembraram de “A Mão Esquerda da Escuridão”, outro livro da mesma autora. Um abraço e obrigado pelo comentário.

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    • Oi, Rayanni! Tudo bem, e você? Obrigado pelo comentário e pelo elogio. Apesar da resenha não ter sido muito positiva, o livro certamente merece uma chance. Abraços.

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  6. Às vezes, a gente topa com livros que causam esta sensação. Eu passei por isso recentemente e olha que meu caso foi um pouco pior, porque fiquei frustrada com a principal reviravolta do livro. O jeito é seguir em frente! Pelo menos você tirou boas experiências desta leitura. Obrigada por compartilhá-las conosco! Abraços!

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  7. Oie! Tudo bem?

    Quando esse livro lançou eu jurei que ele era enorme, com mais de duzentas páginas e agora pela sua resenha noto que ele é pequeno e que me arrependi de não ter solicitado ele! E diferente de você acredito que irei gostar mais da leitura, é a tipica fantasia que amo! *–*

    Bjss

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    • Tudo bem por aqui, Naylane! Espero que com você também. É bem possível que sua experiência de leitura seja mais prazerosa que a minha, uma vez que se trata do seu gênero preferido. Conte depois o que achou! Abraços.

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  8. Oi, Ronan!
    Eu sou apaixonada por livros de fantasia, então quando esse livro foi lançado, logo adicionei na minha lista de leitura. Vendo sua resenha, gostei ainda mais do livro. E felizmente, não criei tantas expectativas assim, então acho que terei uma leitura melhor.

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    • Oi, Aline! Fico feliz que tenha gostado da resenha. Sem dúvida, é muito importante ajustar as expectativas antes de começar qualquer leitura. Torço para que a sua experiência seja melhor do que a minha! Abraços.

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    • Oi, Rafaella! Tudo bem, e você? Fico feliz que tenha gostado da minha sinceridade. É uma pena que esse livro não faça parte do seu gênero favorito. Abraços e obrigado pelo comentário.

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  9. Olá, tudo bem?

    Confesso que esse livro não consegue me despertar o interesse, já vi ele pelas livrarias, li sua sinopse,mas não surge aquela curiosidade. Ao ler a sua resenha, a premissa da obra, continuo naquela de “quem sabe um dia…”.

    É uma pena quando vamos com muitas expectativas para uma leitura e meio que nos decepcionamos, mas, ainda assim, é bacana que sempre tiramos algo de bom dela.

    Beijo!

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  10. Oiii!

    Ai que tristeza se decepcionar tanto com uma obra 😦 eu odeio quando isso acontece ><
    Eu não conhecia o enredo desse livro e só de nome e por não fazer meu estilo, sempre deixei a leitura de lado… e pelo visto, não farei.
    Gostei da sua sinceridade ao retratar a obra.
    Beijinhos

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  11. Olá, Ronan!!

    Eu adoro esse livro. Adoro a Ursula K. Le Guin. Mas o que eu mais gosto é de tudo o que ele representa. O Feiticeiro de Terramar é um clássico da fantasia, quebrou inúmeras barreiras e fez a História.

    Como você disse acima, Ursula coloca um protagonista que não é branco em plena segregação racial americano. Mas a mágica dela está no fato de que os leitores só percebem que ele não é branco praticamente na metade do livro.

    Outra coisa que adoro foi o fato dela ser a primeira pessoa a quebrar o esteriótipo do velho mago sábio (como Merlin e Gandalf).

    Sei que esse livro tem uma narrativa mais parada e um tanto quanto seca, mas gostei da simplicidade do enredo – até porque a Ursula inicialmente não queria escrever uma história voltada aos jovens da época.
    Como você mesmo disse, o que interessa nessa história é sua jornada. 🙂

    Bjs!!

    http://livrosontemhojeesempre.blogspot.com.br

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  12. Pingback: Resenha: As Tumbas de Atuan – Ursula K. Le Guin | Livros e Sushi

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