Resenha: Uma Longa Jornada Para Casa – Saroo Brierly

Uma Longa Jornada Para Casa
Título Original: Lion
Autor: Saroo Brierly
Editora: Record
Páginas: 229
Ano: 2017
Gênero: Biografia, Autobiografia, Memórias
Classificação: ⭐️⭐️⭐️⭐️
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📚 Livro recebido em parceria com o Grupo Editoral Record.

A Índia é imprevisível e intensa. Lá, tudo parece estar em uma escala acima da que estamos acostumados: os cheiros e sabores, o trânsito, a variedade de deuses e semideuses tanto no Hinduísmo quanto em Bollywood. Por esse motivo, de vez em quando a vida real acaba ultrapassando os limites do extraordinário e se aproximando daquilo que consideramos fantástico.

Saroo é narrador e protagonista de uma história assim, que emociona pela perseverança e prende a atenção pela sucessão de encontros e “acasos”. Seu relato nos lembra que esforço diário e propósito bem definido podem, sim, nos levar aonde queremos.

É de um ponto qualquer do gigantesco mapa indiano que o menino se separa de seu irmão Guddu e vai parar em Kolkata, antiga Calcutá, perto da fronteira com Bangladesh. Infelizmente, no entanto, não havia ali uma Madre Teresa a cada esquina para garantir as refeições do dia. Longe disso: a vida nas ruas era tão implacável que a fome parecia ser o menor dos problemas.

Uma Longa Jornada Para Casa nos coloca na pele de uma criança cuja falta de instrução dificulta até mesmo a comunicação com outras pessoas, o que é bastante angustiante. Partilhamos com Saroo a sensação de procurar algo de olhos vendados em um quarto escuro.

Aos poucos, contudo, o protagonista é colocado na direção correta. Seu primeiro destino é a delegacia, onde não permanece por muito tempo. Logo, ele é enviado a uma casa de detenção para menores e, finalmente, ao orfanato em que recebe a oportunidade de recomeçar a vida em outro país.

É reconfortante ler como o processo de adoção de Saroo se desenvolve, pois notamos o carinho e a preocupação da família australiana em apresentar cada detalhe da rotina que levam. Tudo é novidade, a começar pelo avião!

Apesar da dureza das situações, a obra não exagera no apelo dramático. Além disso, é necessário salientar que a tecnologia – fundamental para o andamento da trama – não chama para si os holofotes. O foco se mantém nas relações de Saroo com suas duas famílias e um mundo hostil, mas também repleto de descobertas.

“Ginestlay” e “Berampur”, as palavras aprendidas por ele quando criança para designar, respectivamente, a cidade natal e a estação de trem, não existem de fato. Funcionam como senhas que precisam ser desvendadas, e para isso é necessário que alcancem os ouvidos das pessoas certas.

Histórias sobre a Índia sempre me fascinam, portanto recomendo a leitura!

A história teve uma grande repercussão ao ser adaptada para os cinemas, recebendo várias críticas positivas com as performances de Dev Patel (Saroo) e Nicole Kidman (Sue). Além dos vários elogios, o filme foi indicado a quatro indicações ao Globo de Ouro e ao Oscar como melhor filme de 2016.

Ronan Sato
Especialista em assuntos aleatórios. Apesar de descendente de japoneses, não sabe afirmar com certeza se prefere comida indiana ou sushi.